O Que é Isto...?
A pergunta grega por excelência é : Αυτό που είναι αυτό. As crianças trazem naturalmente com elas essa pergunta e nós adultos fazemos elas perderem o hábito de perguntar. Passamos a ter vergonha de perguntar com receio de fazer uma pergunta idiota ou demonstrar que não sabemos. Preferimos aparentar sabedoria do que adquirir conhecimento.
O filósofo alemão M. Heidegger recolocou o problema do ser no centro do debate no século XX. Entre sua vasta obra temos, por exemplo, O Que é Isto, a Filosofia? Recolocando assim, a questão grega para nós. No entanto, não disciplinamos nosso intelecto para estar em permanente alerta e diante do desconhecido: Αυτό που είναι αυτό.
Faço essa introdução para colocar um debate que está extremamente na moda, todo mundo fala como se todos soubessem e que ao utilizar tal conceito estaríamos diante de uma tautologia. Como sempre, todas as vezes que apontamos nosso intelecto de forma aguda para qualquer objeto descobrimos que sabemos muito pouco dele ou nada. Problema que o grego Sócrates não teve pois não exitou em reconhecer que não sabia (Ξέρω ότι τίποτα ξέρω ).
A questão que deixo aqui para reflexão e posteriormente voltarmos sobre ela é: O que é isto, sustentabilidade?
Uns afirmam que trata-se de alcançar nossas necessidades presentes sem condenar as futuras gerações; outros dizem que trata-se da relação harmônica entre economia, sociedade e natureza... Ora falar de necessidades já é um debate por demais complexo para a contemporaneidade quanto mais para o futuro; em relação a produção de bens não é possível encontrar um ponto de equilíbrio nesse triângulo. Certo é que a trajetória atual da sociedade capitalista é insustentável.
Portanto, se quisermos buscar o conteúdo do conceito sustentabilidade teremos que dar um passo adiante. Afirmar que os governantes não nos enganam mais utilizando esse conceito, que os ecologistas estão equivocados na forma de abordar a questão sem ir no ser do ente. Radicalizamos (ir à raiz) ou faremos debates pueris, que pode até ser bonito mas não des-venda.
Ederaldo Batista